08 July 2010

Ma petit, Mermaid:

Nós e as palavras... E saber que tudo começou também com palavras
“Faz-te sentido este curso, estas aulas?”, “Faz-te sentido o mundo, a bossa nova, os versos a Sophia, a simplicidade?” , “O Nelson Mandela é uma pessoa que o meu pai admira”, “Não gosto de ser o centro das atenções”.
E por aí fomos prosseguindo, sempre com inquietude, incertezas, lembrando que “para a frente é que é o caminho”, “quando não há solução, o que fazemos? Fugimos para a frente, porque para a frente há sempre estrada”, pela estrada fora, raparigas, varandas, grupo, diversidade, respeito.
O que é preciso para haver ternura? Dois. A mãe panda e o porco que se tornaria uma bola de pêlo como o baptizaste quando começou a ser urso. Mama Panda, Ma petit, Marigold, Mary ann, já viste a quantidade de “M”, M de mundo “queres aprender o mundo?”(tantas escolhas, tanta maravilha por aí solta e nós fechados em metros quadrados), do Mar de Sophia, dos Montes ,das Montanhas, dos Himalaias aos EUA, M de Melancolia, M de melodia (música, meu bem... a música!), M de místico (significados sempre partilhados), M de melancia (adoramos, vero? Mas não o filme, ninguém que nos lembre o filme), M de Mota (como a do Che ou a do teu pai a viajar na América Latina no tempo em que viajar não era nada disto), M de mel (a voz do lenny, tu em Lisboa, eu no meio dos apontamentos de psicofisiologia), M de mil (tudo o que houve antes de nós – 1999 e todos os anteriores miles), M de método (os caminhos dolorosos da investigação que muitas vezes pareceram um castinho), M de mala (viagem!!!!!!Aqui vamos nós!)
Viajar cura a melancolia, viaja cura qualquer coisa, as viagens e as palavras transportam-nos. Onde? Ao fundo da garrafa, ao que está depois do líquido, depois da ilusão do fundo do ralo, o que está para além do mundo depois do fim do mundo?
Não esqueças de 1. Esvaziar para o sono entrar, 2. Abraçar a maior quantidade de árvores possível, 3. Sorrir, 4. Dar muitos mergulhos (sempre que mergulho penso em ti J), 5. Apreciar o ar que se respira, os sons, os sabores (tu és pro), 6. Deixar o ar entrar, abrir as mãos ao infinito, 7. Gravar os momentos na memória que é o melhor lugar onde podem ficar, 8. Dizer mais “Sim” do que “Não”, 9. Ter sempre sete (o teu número) de um a dez, 10. Amar (como se não houvesse nem passado nem futuro, apenas presente)
Agradeço todos os dias o facto de ter a lucidez de ver o quanto precioso é fazer com alguém uma estrada paralela, partilhar silêncios e significados, abrir baús em conjunto, falar de filosofia (Deleuze aí vou eu), de cinema (A Bela Impertinente já a seguir), de música (leva o baden powell sim?), da vida (regressaremos a casa um dia?), de poemas (“para atravessar contigo a solidão do mundo”) de partilhar momentos, de nos partilharmos, de nos darmos, de abrirmos o coração como se fossem janelas, de nos rirmos em conjunto (o melhor antídoto contra a tristeza), de superar angústias, de ainda acreditarmos numa amizade assim.
Dir-te-ia como escreveu o Lobo Antunes (que eu adoro, tu sabes) porque não consigo descrever melhor esta ideia que me emociona “existes tão fundo em mim como uma árvore com as suas raízes mais profundas, que nenhum tempo, nem nada, nem mesmo eu mesma, as poderá arrancar”. O que posso mais dizer? Quando o meu mundo ameaça ruir nunca me sinto só. Sei sempre que por mais que as portas estejam brutalmente fechadas, que as lágrimas fechem, que existam momentos muito difíceis, tu és o meu sol e nunca perco a esperança em ti, e sei como se a certeza fosse cimento, que estaremos aqui uma para a outra, de sempre, para sempre.
Prometo que um dia voltaremos a casa finalmente (volver), amaremos o próximo e as portas irão-se abrir de par a par.
Gosto de ti sem mais nada*

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