29 July 2009

Tu tens um medo...

Tu tens um medo: Acabar.
Não vês que acabas todo o dia.
Que morres no amor.
Na tristeza. Na dúvida. No desejo.
Que te renovas todo o dia.
No amor. Na tristeza. Na dúvida. No desejo.
Que és sempre outro.
Que és sempre o mesmo.
Que morrerás por idades imensas.
Até não teres medo de morrer.
E então serás eterno.

(Celilia Meireles)

18 June 2009

Primavera.. ainda

Escrevo-te com o fogo e a água.
Escrevo-te no sossego feliz das folhas e das sombras.
Escrevo-te quando o saber é sabor, quando tudo é surpresa.
Vejo o rosto escuro da terra em confins indolentes.
Estou perto e estou longe num planeta imenso e verde.
O que procuro é um coração pequeno, um animal perfeito e suave.
Um fruto repousado,uma forma que não nasceu, um torso ensanguentado,
uma pergunta que não ouvi no inanimado, um arabesco talvez de mágica leveza.
Quem ignora o sulco entre a sombra e a espuma?
Apaga-se um planeta, acende-se uma árvore.
As colinas inclinam-se na embriaguez dos barcos.
O vento abriu-me os olhos, vi a folhagem do céu,
o grande sopro imóvel da primavera efémera.
António Ramos Rosa

13 June 2009

O impronunciável é o horizonte do que é dito.
Quem escreve quer morrer,
quer renascer num ébrio barco de calma confiança.

Quem escreve quer dormir em ombros matinais e
na boca das coisas ser lágrima animal ou o sorriso da árvore.
Quem escreve quer ser terra sobre terra,
solidão adorada, resplandecente,
odor de morte e o rumor do sol, a sede da serpente,
o sopro sobre o muro, as pedras sem caminho,
o negro meio-dia sobre os olhos.

10 May 2009

Xinti

Escutando no vento
Tua voz secreta
Que me sopra por dentro
Deixe-me ser só ser
No teu colo eu me entrego
Para que me nutras e me envolvas
Deixa-me ser só ser
Um ponto de luz
Que me seduz Aceso na alma
Que me conduz Aceso na alma
Por trás dessa nuvem
Ardendo no céu
O fogo do sol rai
Eternamente quente
Liberta-me a mente
Liberta-me a mente
Um ponto de luz
Que me seduz
Aceso na alma

09 May 2009

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